sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Um outro mundo possível.




De onde vêem nossos sonhos?
Por que temos a leve convicção de que o melhor ainda está para acontecer?
Porque acreditamos piamente que a esperança é o motor da História?
Ou ainda: por que não ficamos quietos, recostados no presente, reclinados na parede da aceitação, abraçados ao que a realidade nos apresenta? 

Por que temos fases na vida em que nosso olhar fica voltado para cima e o nosso coração enamorado pelo amanhã e nossos pés inquietos, buscando sempre novas paisagens?
Por que nunca nos preenche o que somos e não nos basta o que temos?

Sei que estas perguntas podem parecem idéias de um adolescente apaixonado, mas creio que elas são, na verdade, o mistério do humano: um coração inquieto, insensatamente apaixonado pelo eterno, pelo real, e também pelo que ainda não é. Pelo que a esperança faz nascer, dentro da gente!

Cremos no amanhã, construído já no hoje.
Amamos a vida e sentimo-nos bem no mundo, apreciamos viver e somos gratos à Deus. Belos são os trabalhos de nossas mãos e as nossas conquistas nos enchem de orgulho, legitimamente. Por isso seguimos em frente...

Mas no mais íntimo de nós mesmos, indelével, ficará sempre um confuso sentimento de que isso que somos e conquistamos e construímos ainda não é tudo; que podemos ser melhores, que a realidade pode ser mais justa e o mundo mais belo e que o principal está ainda por vir. 

O vazio existencial.
Falta sempre algo, há sempre o vazio de uma misteriosa ausência, uma doce e amarga nostalgia de uma coisa que não tem nome. Seria a falta do amor?
Acho que é justamente aqui que nos sentimos pobres, desajustados, tristes e o somos, de fato. E por isso sofremos e choramos (mesmo se o amor estiver presente!).

Mas é exatamente no ventre desta pobreza e desta dor que gestamos nossas esperanças, imaginações, nossos desejos e sonhos. É justamente nesse estado de insatisfação consigo mesmo que são geradas nossas rebeldias e crises, nossas visões e nossa criatividade, nossas utopias, nossa sede por DEUS e pelo amor. 

Um outro MUNDO possível.
É porque somos pobres, que sonhamos, esperamos, buscamos, rezamos e amamos. 
E no entanto: se sonhamos, esperamos e buscamos, é porque nossos limites, nossa pequenez e nossa pobreza não são a nossa última verdade. Pois se sofremos com as nossas limitações é porque somos infinitos, se nos sentimos como que errantes, peregrinos e sem lugar (utópicos!) neste mundo, é porque não é aqui a nossa pátria, o lugar definitivo de nossos passos, e, se choramos com a morte, é porque somos eternos  e sentimos saudade do que ainda não somos.

Morte e vida na fronteira.
Gerada no seio de nossa penúria, a utopia e a esperança são filhas da nossa grandeza, um criativo protesto contra a momentânea esterilidade do presente, uma declaração de amor pelo que ainda não é, narrativa de uma ausência que nos cativou o coração. Temos um  futuro fecundando o presente e por isso cremos:

"O melhor, de fato, ainda está por vir..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.